domingo, 15 de abril de 2012

Na falta de assunto... Não se escreve sobre assunto algum.


  Hoje eu estava sentada sem nada para fazer a não ser olhar o tempo passar, como borboletas passam pelo jardim, então resolvi escrever uma crônica, mas me perguntei: Sobre o que irei escrever? Poderia escrever sobre algo romântico, ou engraçado, até mesmo tenebroso, vi que assunto não ia faltar, o que iria faltar era o interesse de quem iria ler sobre aquele assunto, afinal existem muitos assuntos sem forma e muitas formas sem assunto, e que servem para tudo exceto para serem chamados de assunto.
 
   Ontem mesmo eu estava caminhando em busca de uma praça para ler um livro e acabei encontrando com uma amiga, daquele tipo que arranja tempo e assunto para tudo, principalmente se encontrar alguém para banhar os ouvidos de palavras, tagarelice sem fim, muito assunto com poucas ideias e inúteis. Tentei falar que tinha um compromisso que já estava mais que atrasada, mas quem disse que ela me ouviu? De tanto tagarelar acabou entrando um mosquito na sua boca, mas ainda assim não parou de falar, foi lembrar de uma vez que um tio dela tinha se engasgado com uma espinha de peixe e que foram parar no hospital, falou pigarreando devido o engasgo recente.
   
    Chamei para sentar, afinal de contas já faziam quase 45 minutos que eu estava ali parada sem pronunciar uma palavra, apenas ouvindo, imaginei que uma hora todo aquele assunto fosse acabar, ela iria se cansar ou que iria se despedir porque teria que encontrar com alguém em algum outro lugar que não fosse ali e nem comigo, meus ouvidos já estavam por um triz quando aparece um colega da gente que por pura ironia do destino, este que queria ver meu fim, também adorava falar sobre o que lhe coubesse e o que ouvisse, eles dois ficaram conversando e de tão empolgados que estavam acabaram se despedindo de mim e indo tomar um sorvete, quase que ia junto, só que inventei que estava dieta e que tinha que manter a forma e acabaram misturando a despedida deles com sorvete e dieta, foi depois de ontem quando meu ouvido virou “penico” que hoje decidi não querer mais falar e sim escrever.
   
   Até tentei escrever, mas escrever sobre o quê?

    Resolvi sair novamente, torcendo para não topar com eles, pegar um ônibus e andar pela cidade, afinal, as melhores das minhas poesias surgiram dentro do ônibus, que era algo cotidiano, boas ideias sempre surgem no meio da correria do meu dia-a-dia e aproveitaria para descansar meus ouvidos com uma boa música no meu celular e ler. Nenhuma boa ideia surgira e tive que voltar para casa, afinal já era quase noite, nem vi o dia passar, o entardecer estava lindo não queria deixar de deslumbrar o entardecer só porque simplesmente não arranjei um assunto para escrever uma crônica, sentei em uma cadeira que ficava a minha espera na varanda e pude ver como é lindo o pôr do sol, peguei lápis e papel e acabei tentando escrever sobre ele, mas foi uma tentativa falha.

    Acabei escrevendo sobre o meu fracasso ao tentar escrever uma simples crônica por falta de assunto, mas acabei descobrindo uma coisa fascinante: Não nasci para ser cronista! E desisti.

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